Que moralidade é essa?: “Aos amigos (ricos e direita), tudo; aos inimigos (pobres e esquerda), os rigores da lei"
José Prata
É atribuída a Getúlio Vargas, a frase que ficou famosa no Brasil: “Aos amigos, tudo; aos inimigos, os rigores da Lei”. Esta parcialidade tem corroído historicamente as instituições jurídicas e políticas de nosso país. O Brasil tem mais de 500 mil presos, e, contam-se, nos dedos, os ricos que estão na cadeia. No plano político, o rigor investigativo da grande mídia e das instituições jurídicas é apenas contra os partidos de esquerda, especialmente o PT. Para as elites, os ricos e os políticos de direita, são o paradigma da moralidade.É muita hipocrisia. Essa selvageria não pode continuar!
Vladimir Safatle: “O maior inimigo da moralidade é a parcialidade”
O colunista da Folha de S.Paulo, Vladimir Safatle, em um artigo denominado “O inimigo da moral” afirmou: “O maior inimigo da moralidade não é a imoralidade, mas a parcialidade. (...) O primeiro atributo dos julgamentos morais é a universalidade. Pois espera-se de tais julgamentos que sejam simétricos, que tratem casos semelhantes de forma equivalente. Quando tal simetria se quebra, então os gritos moralizadores começam a soar como astúcia estratégica submetida à lógica do "para os amigos, tudo, para os inimigos, a lei". (...) Devemos ter isso em mente quando a questão é pensar as relações entre moral e política no Brasil. Muitas vezes, a imprensa desempenhou um papel importante na revelação de práticas de corrupção arraigadas em vários estratos dos governos. No entanto houve momentos em que seu silêncio foi inaceitável”.
Neoliberais usam moralidade para tentar popularizar seu discurso
Nos países chamados emergentes, como o Brasil, as forças neoliberais tem uma enorme dificuldade de popularizar o discurso político para viabilizar as vitórias eleitorais. Os neoliberais, como sabemos, defendem radicalmente a economia de mercado, onde vencem as “pessoas mais capazes”. A esquerda tem sua identidade na justiça social, onde se destacam as políticas de distribuição da renda e da riqueza.
Como os neoliberais não têm nada a oferecer em termos de justiça social, buscam popularizar sua plataforma, para ganhar o voto dos mais pobres, através da instrumentalização política do discurso da moralidade. Todos os anseios dos mais pobres, dizem eles, por mais saúde, educação, segurança, transporte coletivo, não são atendidos pelos governos de esquerda por causa da corrupção. Os neoliberais, sem respaldo popular, para tirar a esquerda do poder aderiram em massa até mesmo aos governos militares na América Latina. Aqui, mesmo no Brasil, as maiores expressões do liberalismo, como Eugênio Gudin e Roberto Campos, foram quadros importantes da ditadura militar, que se implantou no /Brasil também em nome do combate à corrupção.
Mídia neoliberal: máquina de linchamento da esquerda
Com o enfraquecimento das instituições democráticas no Brasil, abriu-se espaço para todo tipo de linchamento. Como diz Tarso Genro: “A grande mídia se assumiu como fonte de toda a moralidade republicana, com poderes totalitários para dizer quem presta e quem não presta, quem merece confiança e quem não merece. Assim, quando um Juiz Privado, a mídia, transforma-se em monopólio do Juízo Público, estamos entrando numa crise da República: a marginalidade violenta e os fascistas clássicos e pós-modernos, que emergem nesta situação, não precisam mais se conter e sentem-se autorizados ideologicamente a saquear e a incendiar”. Infelizmente, esta postura da grande mídia de linchamento da esquerda não é contestada pelas instituições jurídicas do país, que, em grande medida, se articulam também com esta grande mídia.
Os rigores da Lei para todos: ricos, pobres, esquerda e direita
Como diz Vladimir Safatle: “O primeiro atributo dos julgamentos morais é a universalidade”. Só teremos o verdadeiro combate à corrupção no país quando todos – independente de classe social e de vinculação partidária -, forem tratados da mesma maneira. Ou seja, os rigores da Lei para todos. As correntes de esquerda, que defendem o bem comum, que são contra o acúmulo de riquezas a qualquer custo, são as mais interessadas na moralidade pública. Corrupção não é apenas roubar um bem, é roubar um bem comum. Daí porque, é a esquerda que tem as melhores condições de liderar o combate à corrupção no país.
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