Chantagem do
PMDB expõe limites do atual modelo de governabilidade
O líder do PMDB na
Câmara, Eduardo Cunha, admitiu que há uma crise política e que, para
solucioná-la, “é preciso ter gestos e ações”. Ele não explicitou que gestos e
ações seriam necessários para superar a crise. (Foto: Valter Campanato/Agência
Brasil)
Sul21, em 12/03/2014
A rebelião promovida por
parlamentares do PMDB no Congresso Nacional já está custando caro ao governo
Dilma: além da criação de uma comissão externa para investigar a Petrobras, o
partido decidiu votar contra o projeto do Marco Civil da Internet. O líder do
PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, propôs a convocação da Executiva Nacional do
partido para debater a relação com o governo, “com vistas a reavaliar a
qualidade da aliança com o PT e a adotar providências visando ao fortalecimento
do PMDB”. Traduzindo: o PMDB quer mais cargos e mais espaço em ministérios
importantes do governo. Não há nenhuma divergência programática em questão, só
uma disputa por mais cargos no governo.
Neste momento, o governo Dilma é
refém do PMDB que ameaça causar maiores estragos no Congresso, caso suas
demandas não sejam atendidas. A presidenta está empenhada pessoalmente em
resolver a crise, o que não é uma tarefa muito simples. É uma queda de braço a
poucos meses do início da campanha eleitoral. Para além do contexto da campanha
eleitoral e da disputa por espaços no atual governo, a chantagem promovida pelo
PMDB expõe com muita nitidez os limites do atual modelo de governabilidade.
Esses limites ajudam a entender por que temas estratégicos como a Reforma
Política não avançam no parlamento. Não há como avançar nesse modelo que
subordina os debates de conteúdo a disputas por espaço dentro do governo e do
Estado.
Eduardo Cunha admitiu que há uma
crise política e que, para solucioná-la, “é preciso ter gestos e ações”. O que
está em discussão, resumiu, é a qualidade da aliança com o PT e com o governo
Dilma. O líder do PMDB não explicitou quais seriam os “gestos e ações” capazes
de provocar esse salto de qualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário