Morre Paco de Lucía, o renovador do flamenco
Músico que renovou e universalizou a cultura flamenca sofreu infarto em Cancún, aos 66 anos
“Paco viveu como quis e morreu brincando com seus filhos ao lado do
mar.” Assim se pronunciou a família do falecido violonista de flamenco
Paco de Lucía em um comunicado sentido no qual asseguram que “a dor já
tem data”. “Na noite passada se foi o pai, o irmão, o tio, o amigo e nos
deixou o gênio Paco de Lucía”, disseram seus parentes, que queriam
compartilhar “um abraço e uma lágrima” com o mundo. “Obrigado por tudo… e
boa viagem amado nosso”, terminam.
O gênio da guitarra flamenca faleceu nesta madrugada de um ataque do
coração quando se encontrava no México, com sua família. Tinha 66 anos e
muita arte ainda adiante, arte que agora só poderá ser desfrutada em
gravações.O músico se encontrava em uma praia de Cancún jogando futebol
com seu filho Diego, de dez anos, quando começou a se sentir mal. Sua
esposa o levou ao hospital, onde faleceu.
Grande aficcionado por mergulho amador e pesca submarina, Paco
costumava passar longas temporadas em Cancún, períodos de descanso que
intercalava com suas estâncias na Espanha, em Toledo. De seu primeiro
matrimônio, com Casilda Varela, em Amsterdã, teve outros três filhos:
Casilda, Lucía e Francisco.
Artista precoce
Nascido em 21 de dezembro de 1947 na cidade de
Algeciras com o nome de Francisco Sánchez Gómez, por sua mãe portuguesa,
ficou conhecido como Paco, o “de Lucía”, conforme costume na Andaluzia
de se identificar alguém a partir do nome da mãe (no caso dele, Lucía
Gomes).
Aos 12 anos formou um duo com seu irmão Pepe. Com o nome de Los
Chiquitos de Algeciras, Pepe no vocal e Paco no violão venceram em 1961
um concurso de Jerez e gravaram seu primeiro disco. Um ano antes, em
1960, ele já havia se tornado o terceiro violonista da Companhia de Balé
Clássico Espanhol, com a qual fez sua primeira turnê pelos Estados
Unidos e depois, como segundo violonista, por meio mundo.
Com 17 anos fez parte de um grupo que girou a Europa com o Festival
Flamenco Cigano, e foram os violonistas Sabicas e Mario Escudero quem o
incentivaram a compor sua própria música. Acompanhado com frequência por
seus irmãos Ramón de Algeciras e Pepe de Lucía, gravou seus primeiros
discos solo nos anos 60: La Fabulosa Guitarra de Paco de Lucía (1967) e Fantasía Flamenca (1969).
Sua consagração chegou nos anos 70. Foi então que surgiu a mística
parceria Camarón-De Lucía, tão purista quando renovadora do flamenco e
que se traduziu em mais de dez discos de estúdio. A morte do parceiro,
em 1992, o fez cancelar suas apresentações durante quase um ano, quando
pensou em se aposentar, mas voltou em 1993 com uma nova turnê.
Em 2004 gravou o álbum Cositas Buenas, considerado uma “obra
prima” com oito temas inéditos, sendo acompanhado pelo violão de
Tomatito e pela voz recuperada de Camarón. O disco lhe rendeu o Grammy
Latino de melhor álbum de flamenco.
Revista Forum, em 26.02.2014
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