Há uma tentativa de golpe
de estado em andamento na Venezuela
Ex-ministro da Defesa, Diego Molero afirma que há provas suficientes de que esta é uma ação orquestrada pelos EUA para justificar intervenção no país.
Brasília - “Golpe de estado em
desenvolvimento”. É este o termo com que o embaixador da Venezuela no Brasil,
Diego Molero, ex-ministro da Defesa do governo Chaves, definiu os últimos
acontecimentos em seu país, durante o ato de apoio político ao presidente
Nicolás Maduro, organizado por representantes dos principais movimentos
sindicais e sociais brasileiros, nesta sexta (21), na sede da embaixada, em
Brasília. “O apoio de vocês é um grande alento, um grande consolo ao povo
venezuelano. Na Venezuela, como aqui no Brasil, há um povo honesto, com
espírito de luta para enfrentar essas vicissitudes, que não deixará que eles
alcancem seus objetivos. E é por isso que pedimos ajuda para contar ao mundo o
que de fato se passa no nosso país”, afirmou.
Em
entrevista à Carta Maior, o embaixador disse que as recentes e violentas
manifestações que têm ocorrido no seu país não são articuladas por estudantes
ou setores pacíficos da oposição como a imprensa internacional quer fazer
parecer, mas por infiltrados de direita treinados e financiados pelo governo
norte-americano, com o objetivo de causar uma aparente instabilidade na
Venezuela e, assim, justificar uma intervenção militar para a qual o Estados
Unidos vêm se preparando há mais de uma década. Os objetivos? Tanto acabar comum
dos mais expressivos governos de esquerda do continente quanto acessar o
petróleo venezuelano.
“Há
suficientes provas em meu país que certificam o que digo: tudo isso está
orquestrado pelo governo norte-americano. Se analisamos quais são os países que
são atacados pelo império norte-americano, vemos que são os que têm petróleo. E
a Venezuela é um duplo inimigo, porque tem também um governo progressista, um
governo que usa as reservas petroleiras para apoiar seu povo, com saúde, com
educação. Em 2002, quando Pedro Carmona [então presidente da Federação
Venezuelana de Câmaras de Comércio] deu aquele golpe, imediatamente o preço do
barril de petróleo, que estava entre US$ 35 e US$ 40, foi ofertado aos Estados
Unidos por US$7, US$ 8”, esclarece.
Conforme
ele, há hoje na Venezuela um problema de desabastecimento real, provocado pelos
capitalistas. E também uma instabilidade política, criada a partir da
infiltração de grupos fascistas em manifestações que deveriam ser pacíficas.
Mas o governo mantém o controle da situação e não há justificativa para
intervenções. “A maioria dos feridos são funcionários do estado. Em número
muito maior do que o de manifestantes, que usam táticas terroristas: queimaram
a casa de um governador, atentaram contra a vida de sua família. Portanto, Isso
não são atos democráticos, são atos terroristas. E o que o governo faz é apenas
exercer a lei, como se faz em qualquer lugar do mundo”, justifica.
Molero
avalia que a situação se agravou em 12 de fevereiro, quando, após uma marcha
solicitada por estudantes opositores, o grupo liderado por Leopoldo Lopez
afirmou que continuaria nas ruas enquanto houvesse governo. “A única forma que
existe nos países democráticos para se tirar um governo do poder é a via
eleitoral, que é a via constitucional. E a maioria do povo venezuelano decidiu
que o presidente fosse Nicolás Maduro, o que é uma mostra de como o povo quer a
continuidade de um governo que é realmente humanista e progressista. Então,
Leopoldo Lopez não é um preço político, mas um preso comum acusado de
assassinato, de terrorismo, de destruição do patrimônio público”, resumiu.
Direitos
humanos
Ex-ministro
da Defesa, Molero afirma que as forças armadas do seu país respeitam os
direitos humanos e mantêm a tradição de apoiar e respeitar o povo, desde o
início da chamada “revolução bolivariana”, com a entrada do ex-presidente Hugo
Chávez na presidência. “Quando eu entrei nas Forças Armadas, nós aprendíamos a
odiar os pobres. Antes de Chaves, se reprimia o povo, se matava o povo, como em
27 de fevereiro de 1989, quando Carlos Andrés Pérez ordenou que as forças
armadas massacrassem um povoado, que resultou em mil mortos. Foi ali que nós,
militares, começamos a nos rebelar contra aquela carnificina popular. Hoje em
dia, temos a consciência, criada pela revolução bolivariana, de que somos povo
e de nossa função é defender o povo”.
Molero
avalia que, hoje, as forças armadas se comportam exatamente como em 2002,
quando as mesmas forças de agora articularam o primeiro golpe contra o
ex-presidente Hugo Chavez. “Na tentativa de golpe de 2002, saíram às ruas, lado
a lado, o povo com suas bandeiras e as forças armadas com seus fuzis para
resgatar a dignidade do nosso país. Hoje, a Venezuela tem um povo que apoia seu
governo e forças armadas que seguem a constituição e, por isso, apoia o
presidente Nicolás Maduro”, sustentou ele, alegando que os militares jamais
iriam se lançar contra manifestantes inocentes.
O
embaixador também atacou a manipulação de imagens que ganha o mundo via
imprensa oficial e redes sociais. Em power point, exibiu um série de imagens de
violência policial publicadas como sendo ocorridas na Venezuela, mas que, na
verdade, se passaram em outras partes do mundo, como Síria, Egito, Argentina,
Ucrânia e mesmo o Brasil. Mostrou também diversos vídeos das manifestações
atuais, que mostravam as forças armadas se protegendo de ataques dos
manifestantes, sem revidá-los. “O governo venezuelano já tem provas de que o
tiro que matou a modelo em uma manifestação saiu das armas dos próprios
manifestantes”, acrescentou.
Quanto
ao apoio dos Estados Unidos, Molero sustentou que também não restam dúvidas.
Segundo ele, os grupos de direita que tentam tomar o poder na Venezuela
receberam, nos últimos anos, mais de US$ 80 milhões do governo norte-americano.
“Um dinheiro que poderia ser usado para trazer mais benefícios para os povos,
como escolas e hospitais, mas que serve para financiar o terrorismo de estado
internacional”, ressaltou. Ele lembrou também que o presidente Barak Obama já
afirmou em entrevistas que está preocupado com a situação na Venezuela e pronto
para tudo. “Pronto para quê?”, questionou.
Carta Maior: por Najla Passos
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