Acordo melhora remuneração de médicos cubanos. Mas não se iluda. Vão continuar a sabotar
Os médicos cubanos do “Mais Médicos”, que já davam duro ganhando
muito pouco, vão ter, agora, uma remuneração de R$ 3 mil mensais, mesmo
valor da bolsa paga aos residentes médicos brasileiros.
Além, é claro, da alimentação, moradia e transporte que as prefeituras, pelo convênio com a União, lhes repassam.
Um acordo com a Organização Panamericana de Saúde e Cuba tornou
opcional o depósito em Cuba da parcela que era recebida exclusivamente
lá, além de aumentar em U$245 o valor total da remuneração.
Agora, o único valor que só pode ser recebido em Cuba é o salário do
médico lá, que continuava e continua a ser pago lá, normalmente, e não
pode ser “exportado”.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que o acordo não representa novos gastos para o Governo brasileiro.
-Nós não vamos um centavo a mais para essa nova modalidade de
pagamento. Continuaremos pagando o mesmo valor. O que houve foi
negociação, a partir da presidente Dilma Rousseff, que o nosso governo
fez com a Opas e Cuba, nos valores acordados dentro do contrato. Então,
não haverá aumento de custos. O valor pago pelo governo será o mesmo”.
É justíssimo.
Como também é correto que não nos caiba julgar as relações entre
cidadãos cubanos e seu governo. Embora, sim, devamos zelar para que
estes profissionais, a quem já devemos muito, possam ter condições de
trabalhar sem maiores dificuldades materiais.
Eles já mostraram que, mesmo ganhando muito pouco, é a humanidade de sua profissão que os move.
É bom saber que se corrigiu o ponto mais frágil do “Mais Médicos” com negociação e bom-senso.
O outro ponto, este não se corrige: o fato de não haver quase
médicos brasileiros que, por apenas três anos, se disponham a trabalhar
no interior e nas periferias urbanas ganhando três vezes mais.
É mais fácil aumentar salário do que aumentar sentimento de humanidade.
Vocês vão ver que não vai terminar a sabotagem ao “Mais Médicos”. O
papo de escravidão é só uma cobertura para a hipocrisia de um
corporativismo elitista, antipovo, que não tolera a ideia de que a
medicina não é uma simples atividade comercial.
Tijolaço: por Fernando Brito, em 28 de fevereiro de 2014
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